quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Dados apontam importância de cotas nos cursos de alta demanda na UFPA


Entre o final de 2011 e o início de 2012, as primeiras turmas de graduação que foram formadas após a implantação do sistema de cotas começam a se formar. Por isso, ao longo do ano, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade Federal do Pará (Consepe/UFPA) realizará avaliações sobre os impactos da implantação do sistema de cotas na Universidade. Dados preliminares, elaborados pelo Centro de Processos Seletivos (Ceps), contrariam o senso comum sobre o desempenho dos cotistas nos processos de seleção.

Desempenho é parecido na maioria dos cursos - É mais fácil passar como cotista? As notas dos cotistas são menores que a dos não cotistas? Os cota-cor têm as piores médias entre os aprovados? Ou o sistema de cota não faz diferença na entrada dos candidatos? Perguntas como essas começam a ser respondidas na UFPA. Levantamento realizado pelo Ceps e apresentado ao Consepe mostra que o desempenho dos cotistas nos processos seletivos de ingresso na Universidade é muito próximo ao dos não cotistas e que o impacto das cotas é maior nos cursos de alta demanda, como Medicina, Direito, Odontologia, Psicologia, Comunicação Social e Fisioterapia.

Para a diretora do Ceps, principal autora do levantamento realizado a partir dos dados do PS 2011, dois fatores devem ser considerados. “Atualmente, na grande maioria dos cursos, a concorrência é maior entre cotistas. Além disso, no que diz respeito ao desempenho, às notas, temos cursos em que as  médias dos aprovados da cota-escola são maiores que as dos demais e cursos em que as notas dos candidatos cota-cor são maiores”, o que contraria a ideia de que é mais fácil passar como cotista, por exemplo”, revela.

Impacto das cotas está nos cursos mais concorridos - Segundo o levantamento, essa é a realidade dos aprovados nos cursos de Ciências Sociais e de Engenharia Química, ofertados em Belém. No primeiro, a maior nota entre os aprovados é dos cota-cor (com 572,03), seguidos pelos cota-escola (564,67), enquanto a maior nota entre os não cotistas aprovados foi de 544,82. Já no curso de Engenharia Química, os cota-cor tiveram como nota máxima 581,39; os cota-escola, 577,91; enquanto os não cotistas tiveram como nota máxima 574,98.

“Na maioria dos cursos, o desempenho é muito próximo, por isso a importância da existência das cotas fica evidente quando observamos os cursos, tradicionalmente, mais procurados, como Medicina, Direito e Comunicação. Ano passado, foram ofertadas 150 vagas no curso de Medicina da UFPA. Como temos o sistema de cotas, 75 foram ocupadas por estudantes oriundos da rede pública de ensino, e 75, por estudantes de escolas particulares. Se não tivéssemos a cota, apenas cinco calouros de Medicina em 2011 seriam de escola pública. Então, teríamos 145 vagas ocupadas apenas por estudantes de escolas particulares. É nosso caso mais notório”, revela Marilucia Oliveira.

“Na prática, isso quer dizer que a existência das cotas possibilita que alunos da escola pública sejam médicos, fisioterapeutas, advogados, publicitários, jornalistas, psicólogos e consigam entrar em cursos cuja concorrência é tradicionalmente muito alta”, resume a diretora do Ceps.

Reavaliação será concluída antes do PS 2013 - Segundo a Resolução nº 3.361, de 5 de agosto de 2005, do Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFPA (Consepe), que estabeleceu o sistema de cotas da UFPA, após cinco anos de implantação, o tema seria reavaliado pela Universidade. O prazo é contado a partir da entrada da primeira turma, por isso essa avaliação deverá ser feita antes da realização do Processo Seletivo 2013 (PS 2013) da Instituição.

Leia amanhã: Saiba o impacto da adesão ao Enem em relação ao sistema de cotas da UFPA

Texto: Glauce Monteiro - Assessoria de Comunicação da UFPA

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