quarta-feira, 15 de junho de 2011

Piratas humilham 150 a caminho de Belém

Tiroteio, pânico, agressões e a impotência de 140 passageiros e dez tripulantes, que foram assaltados dentro de um barco, por 11 ladrões armados, foi o resultado de mais um assalto praticado por “piratas” nos rios paraenses. O navio da empresa Rodofluvial Banav vinha de Soure e tinha Belém como destino final. Ao todo, o prejuízo ultrapassou os R$ 15 mil em dinheiro, para os tripulantes, que ainda ficaram sem joias e celulares. O assalto ocorreu por volta das 15h30 de ontem, próximo ao canal Aranaí, na Ilha Coroa Grande, depois de 90 minutos de viagem.

Ninguém ficou gravemente ferido, mas segundo o relato das vítimas, crianças e idosos foram agredidos com pontapés, socos e ameaças de morte. Eles contaram ainda que o rádio comunicador do navio foi arrancado e jogado na água, para impedir a comunicação com a polícia.

“Eles humilharam todo mundo. Colocavam arma na cabeça das crianças e diziam até que iam cortar o dedo de quem não tirasse os anéis”. Artur César, 51 anos, contou ainda que uma lancha verde chegou atirando em direção ao navio e que todos os assaltantes estavam armados, dentre eles, duas mulheres. “Era pistola, revólver, muita arma mesmo. Ainda bem que eles não mataram ninguém, já que quando as crianças choravam, eles diziam, ‘bora logo matar pra elas pararem de gritar’”.

Benivaldo Carvalho, 40 anos, disse que dois homens bateram em sua cabeça com uma arma e que eles agrediam crianças e idosos com chutes e empurrões. “Foram duas horas de terror, humilhação e impotência de quem não podia fazer nada. Eles apontavam as armas e diziam que iam matar mesmo”.

Maria das Graças Monteiro, 57 anos, relatou que um dos bandidos agrediu um rapaz e dele roubou R$ 10 mil em dinheiro. “Ele escondeu o dinheiro dentro da calça, mas o marginal colocou a mão lá dentro, pegou o dinheiro e ainda apontava a arma na cara dele pedindo mais”. Maria contou ainda que os assaltantes pisavam nos passageiros que se jogaram no chão. “Trataram a gente pior que cachorro de rua. Pensei que não fosse chegar viva aqui”.

De acordo com Paulo Cezar Pantoja, gerente da empresa, na região de Breves já foram registrados vários assaltos e que uma base operacional da Polícia Militar foi instalada no local, mas o foco dos piratas virou outro: a região do Camará, que foi assaltada ontem. “Eles migraram para esse lado da ilha, que ficou descoberta, sem policiamento. Grandes navios de 300 passageiros já foram assaltados e se providências não forem tomadas, outros assaltos ainda podem acontecer”.

“O local em que o navio foi assaltado é de difícil acesso e prejudicou a chegada da polícia. Além de que dois deles facilitaram a chegada da lancha com os outros assaltantes”, informou o delegado João Bosco, da Divisão de Polícia Especializada. Ele ressaltou ainda que dois dos bandidos já teriam sido identificados pelas testemunhas. Durante toda a noite de ontem várias vítimas prestaram depoimento na Divisão de Repressão ao Crime Organizado (Drco).

AÇÃO OUSADA

Segundo o delegado João Bosco, a ação dos bandidos foi considerada ousada pelos policiais. Ainda segundo ele, dois dos assaltantes que participaram do crime já estavam dentro da embarcação quando os demais comparsas chegaram. (Diário do Pará)

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