O bispo Edir Macedo e mais três dirigentes da Igreja Universal são mais uma vez acusados de estelionato e lavagem de dinheiro

A atual denúncia foi baseada numa investigação feita pelo Ministério Público Estadual de São Paulo. Apresentada à Justiça em 2009, ela não seguiu em frente por uma questão meramente formal: os juízes entenderam que a investigação não era uma atribuição estadual, mas federal. Com a denúncia apresentada na semana passada, esse problema deixa de existir.
Além de Macedo, foram denunciados o bispo Paulo Roberto Gomes da Conceição, a diretora financeira Alba Maria Silva da Costa e o ex-deputado federal João Batista Ramos da Silva, ex-dirigente da Universal. Em 2005, João Batista foi flagrado pela Polícia Federal em Brasília tentando embarcar num jatinho para São Paulo com R$ 10 milhões em espécie.
De acordo com o procurador Martins de Oliveira, eles cometeram estelionato ao obter dinheiro de fiéis oferecendo “falsas promessas”. Entre 2003 e 2006, a Universal declarou à Receita Federal ter recebido R$ 5 bilhões por meio de dízimos e outras doações. Mas, segundo depoimento de um ex-colaborador de Macedo, esse montante correspondeu a apenas 10% do valor arrecadado. O restante era enviado por doleiros ao exterior. A declaração foi registrada em novembro de 2009 em cartório por Waldir Abrão, ex-dirigente da Universal e ex-vereador, seis dias antes de ele ser encontrado morto em seu prédio com um ferimento na cabeça. De acordo com o Ministério Público, as circunstâncias da morte não foram totalmente esclarecidas.
Segundo o Ministério Público, o dinheiro arrecadado dos fiéis era enviado a duas empresas no exterior controladas por pessoas ligadas à Universal: uma nas Ilhas Cayman, no Caribe, e a outra em Jersey, no Reino Unido. Depois, esse dinheiro voltava para o Brasil e era usado para a compra de veículos de comunicação, que acabavam registrados em nome de bispos ou outras pessoas ligadas à igreja
Para enviar os dólares, de acordo com o procurador, a Universal usava uma casa de câmbio. Em depoimento, doleiros do estabelecimento afirmaram que as cédulas chegavam “amassadas, rasgadas, coladas com durex, suadas e rabiscadas”, o que corrobora a versão de que se tratava de dinheiro miúdo recolhido dos fiéis. As notas eram contadas sempre na presença de algum pastor da igreja, por vezes em estacionamentos dos templos.
A Justiça Federal em São Paulo vai analisar agora a denúncia. Se condenados, os quatro denunciados poderão pegar até 29 anos de prisão. O processo pode ter outras consequências para a Universal. O procurador Martins de Oliveira enviou um ofício a sua colega de Ministério Público que cuida da área cível em que pede a cassação da imunidade tributária da Universal. Procurada, a Universal não quis se pronunciar, sob a alegação de que seus advogados não tiveram acesso à denúncia.
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